domingo, 16 de abril de 2017

A corrupção como modelo de negócios

Deixam-me estarrecido os comentários que tenho ouvido, entre amigos, nos bares, nos corredores da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) de alguns fanáticos que odeiam o Partido dos Trabalhadores (PT), especialmente, Luiz Inácio Lula da Silva. Ao que tudo indica, Lula não era mesmo nenhum santo. Depois das delações da Odebrecht, especialmente, do patriarca Emílio Odebrecht, ocorreu, porém, um processo definitivo de crucificação de Lula acompanhado, pasmem, leitores e leitoras, da “canonização de Emílio Odebrecht”. Dos trechos de depoimentos que vi, Emílio chega a repreender procuradores, a justiça, os políticos, “por algo que ocorre há trinta anos no País”. Oras, se Emílio Odebrecht corrompeu todos os presidentes nos últimos 30 anos, quem é o maior corrupto deste País? Ele! Se há alguém que deveria mofar até morrer atrás das grades este alguém é Emílio Odebrecht. Corromper era o oxigênio da Odebrecht. A corrupção foi transformada em modelo de negócios pela empresa a ponto de criar um Departamento de Operações Estruturadas cujas três metas eram: corromper, corromper e corromper. Confessadamente, tudo o que a empresa lucrou nestes últimos 30 anos tem as digitais da corrupção. E me vem este senhor, que deve ser respeitado pela idade que tem, mas, não pelo que fala, dizer a um procurador: "Não vamos ficar só no corretivo. Temos que interferir para que o ambiente não propicie isso", diz Odebrecht. "[Se não] vai terminar quase que o país [todo] na cadeia. Haja cadeia". Interpretar que as delações atingem somente os políticos é demonstração da falta de lucidez dos brasileiros verde-amarelos CBF que, agora, ficam escondidos feito ratazanas. Se a corrupção virou modelo de negócios não foi culpa do ambiente. Foi culpa de Emílio Odebrecht e todos os demais empresários deste País que preferiram, ao invés da livre concorrência, o caminho fácil das licitações carimbadas. Fossem os políticos corruptos, mas, eles (os empresários) não; não se precisaria de 30 anos nem de delações premiadas para se descobrir o tamanho da canalhice coletiva por eles (os empresários) patrocinada.


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