domingo, 10 de janeiro de 2016

Para não atravessarmos na faixa etária

Já comentei aqui neste espaço sobre a vendedora que me atendeu em uma loja de roupas (daquelas, digamos, chics) e me perguntou “qual a faixa etária de preços” que eu desejava. Quase caio para trás, à época. Disfarcei o espanto e consegui, a duras penas, não ser mal-educado nem inconveniente apesar de tamanha ofensa à Língua Portuguesa. E não é que hoje vi, em uma das emissoras de TV local, uma médica falar em “faixa etária de exames”. O choque foi tamanho que quase o coração de poeta não resiste. Mas, como todo poeta, quando a idade avança, começa a ficar mais compreensível com as outras pessoas, fiquei a matutar: ora, se existe a licença poética para escrevermos as obras literárias como bem entendemos, não haveria licença similar para vendedores e médicos? Humm! Não sei não! O que seria de nós se as pessoas começassem a atravessar na “faixa etária” de pedestres? O melhor mesmo é sermos castos neste caso e assumirmos que “faixa etária” é expressão que diz respeito única e exclusivamente “à idade”. Assim, poderíamos perguntar, sem medo de errar, “qual a faixa etária” dos estudantes de determinada escola. Ou ainda dizermos que na turma tal há estudantes da mesma “faixa etária”. É menos doloroso e não testa o coração nem a boa (ou a má) educação de ninguém. Porque do jeito que as coisas andam, daqui a pouco vai me aparecer alguém a falar da “faixa etária de idade”!


Visite também o Blog Gilson Monteiro Em Toques e o novo Blog do Gilson Monteiro. Ou encontre-me no www.linkedin.com e no www.facebook.com/GilsonMonteiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Participe! Comente! Seu comentário é fundamental para fazermos um Blog participativo e que reflita o pensamento crítico, autônomo livre da Universidade Federal do Amazonas.