quarta-feira, 20 de março de 2013

Os pesos e medidas nas reações da sociedade


Causa-me estarrecimento e estupefação a reação das pessoas, nas redes sociais e fora delas, em relação a dois fatos divulgados recentemente, que envolvem a comunidade universitária brasileira: um deles foram os erros nas provas de Redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o outro o "Trote inaceitável na Federal de Minas Gerais", comentado, ontem, neste mesmo espaço. A mim ficou a nítida impressão, principalmente pelas "reações indignadas", que o preconceito linguístico tem muito mais peso na sociedade brasileira que o preconceito de raça e cor. Enquanto o "pessoal do MEC" que corrige as redações do ENEM foi tratado de forma feroz, não notei a mesma reação em relação aos calouros da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Minas Gerais (UFMG) que pintaram uma colega de negro, mantiveram-na acorrentada e circularam com ela, puxada pela corrente por um colega estudante. Ao que parece, é mais grave cometer um erro gramatical e ser aceito que praticar cenas de tamanha violência simbólica. Em mim fica uma sensação de estarrecimento. A cena daquela estudante revoltou-me tanto que nem cheguei a publicá-la. Quando vi as cópias das redações com receitas de miojo e partes do hino do Palmeiras, que ganharam notas equivalentes a cinco serem massacradas e reações tímidas à violência praticada pelos calouros de Direito da UFMG fiquei a me perguntar: que universidade é esta que estamos a vivenciar? Equívocos no uso da Língua-Padrão não podem ter peso maior que o preconceito racial e a violência sexista cometida pelos estudantes mineiros. Se assim o for, estamos fadados à intolerância como regra.

Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!

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