domingo, 3 de fevereiro de 2013

Há algum pecado em ser livre?


Algo me incomoda, e muito, principalmente em época de consulta para a escolha dos dirigentes, como é o caso, agora, da Universidade Federal do Amazonas (UFAM): as decisões ditas "fechadas". E não é de hoje que essas coisas me incomodam. Quando entrei no Partido Comunista do Brasil (PC do B), único partido ao qual fui filiado na vida, avisei logo: "não aceito essa história de centralismo democrático e irei combatê-lo por dentro". Talvez por isso a minha permanência no PC do B não tenha passado de seis meses. Saí do partido com a convicção reforçada de que, em uma universidade, não se deve ser deste ou daquele grupo. Será que professor tem de ter seguidor? Não seria a universidade o ambiente, pelo menos em tese, do pleno exercício da liberdade? Como aceitar que curso tal (ou instituto tal) tenha "fechado" o apoio a este ou àquele candidato (ou candidata)? Há que se mudar essa postura. Esse tipo de pensamento dominante. A universidade não pode ser o local no qual fundamentalistas e seguidores de determinadas pessoas escolhem, nos bastidores, quais rumos devem ser tomados pela Instituição. A Ufam não é uma tribo indígena. Muito menos um partido político. Não pode, assim, ser curvar aos caciques. A liberdade de escolha é fundamental quaisquer que sejam os critérios individuais para exercer essa prática. Não quero que ninguém vote em mim por ser "bonzinho" ou "amigo de todo mundo". Ninguém administra uma Instituição do tamanho da Ufam só com "tapinhas nas costas" e sorrisos. Trata-se de uma Organização da mais alta complexidade cuja razão de existir é a defesa da plena liberdade. O exercício dessa liberdade, porém, parece pouco existir quando se trata da escolha dos dirigentes. E isso é altamente contraditório. Deixemos o fundamentalismo de lado e entendamos uma coisa: em uma universidade não pode haver adversário histórico, inimigo ou grupos de fulano ou beltrano. A Ufam está cima de todas essas picuinhas e coisas menores. Terminado o processo de escolha, todos devem trabalhar para o bem-comum, ou seja, da Ufam. Fui adversário da professora Márcia Perales Mendes Silva, jamais inimigo. Exerci a crítica de forma clara e limpa aqui neste espaço. Da mesma forma que a respeitei durante o mandato, fui respeitado. Nenhum dos projetos de interesse da Ufam que toquei sofreram qualquer tipo de retaliação por tê-la enfrentado durante a consulta pública. Assim tem de ser sempre. A escolha do dirigente de uma universidade não pode ser vista como uma disputa entre o bem e o mal. Tem de ser uma disputa salutar de ideias e de estilos de administrar. Acima de tudo isso, porém, tem de haver o respeito ao outro, ao ser humano. E mais acima, ainda, o respeito à liberdade. Costumo dizer que na vida (política), o adversário de ontem é um possível aliado de hoje e um provável inimigo (bom seria se fosse só adversário) de amanhã. Conviveremos no mesmo espaço, na mesma universidade, após as disputas. Que não seja uma disputa odiosa! E que cada um exerça plenamente a liberdade: inclusive de se prender a alguém (ou a algum ideal de universidade).

Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!

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