sábado, 5 de janeiro de 2013

Genialidade e precocidade substituídas por mediocridade


Um gênio precoce, de apenas 15 anos, foi matéria de capa da revista Nature como coautor de um trabalho científico. É pouco provável que, na estrutura educacional brasileira, uma criança de 15 anos tivesse permissão para vivenciar um ambiente laboratorial capaz de, ao fim de tudo, ser participante ativo, ou seja, o coautor, de um trabalho desta natureza. Ainda mais, em um trabalho cujo autor é o próprio pai. Examinemos um trecho da matéria que divulga o fato:"[...] Outro fato curioso sobre o trabalho é um “fato-satélite”, de caráter mais pessoal, divulgado hoje pelo jornal francês Le Figaro: Neil Ibata, um dos co-autores do trabalho, tem apenas 15 anos e é o filho do autor principal, Rodrigo Ibata, do Observatório Astronômico de Estrasburgo, na França (que, apesar do nome português, não é brasileiro). Provavelmente um dos “cientistas” mais jovens da história a assinar um trabalho na Nature — uma das mais prestigiadas revistas científicas do mundo, na qual foi publicada, por exemplo, o estudo de Watson e Crick que revelou a estrutura de dupla hélice do DNA, o sequenciamento do genoma humano e coisas desse tipo (apenas dois exemplos da biologia que eu tenho na ponta da língua)." A moral acadêmica brasileira, combinada com a desconfiança latente (talvez em função das práticas corriqueiras, negadas até a morte), levantariam suspeitas imediatas sobre o trabalho do garoto. Maldosamente, iriam dizer que "o garoto não deve ter feito nada e o pai colocara o nome dele no artigo para dar notoriedade". Pra ser sincero, apenas com base em uma matéria de jornal replicada aqui no Brasil, não se pode afirmar nem que sim nem que não. Ainda assim, o ambiente educacional brasileiro, à parte picuinhas que envolvem ética e comportamento dos pesquisadores, dificilmente é propício ao desenvolvimento de gênios. Gênios são crianças diferençadas, acima da média. Nesses casos, a escola brasileira não está preparada para com eles conviver. No mais das vezes, os gênios são obrigados a se mediocrizar ou são mediocrizados pelos professores e professoras. Se a criança é genial, capta "conteúdos" com rapidez e tem desempenho superior aos colegas de turma, na própria sala de aula, o professor (ou professora) podam o seu desenvolvimento com palavras de ordem do tipo:"Só quer ser mais do que os outros... Faz tudo em 10 minutos só para bagunçar o restante de aula" e coisas desse gênero para desqualificar os gênios e geniais. Quando se trata de um filho crítico, que leva o problema aos pais, ainda se pode tentar uma solução. Quando não, de tanto ser incentivado à mediocridade, a criança termina por se tornar medíocre para melhor conviver socialmente em sala de aula. Por outro lado, se os pais, cientes do problema, procuram a direção da escola, para que o filho mude de série, suba mais um ano para adequar os "conteúdos" às suas habilidades, são aconselhados pelos pedagogos a manterem a criança na turma que está "pois ele não tem idade biológica" para mudar de turma. Serão tantas as guerras contra o sistema educacional estabelecido que, muito provavelmente, gênios da estirpe do garoto da matéria que comentamos aqui, no Brasil, são mortos no nascedouro. É a triste realidade da educação formal, burocrática e bancária brasileira. Romper a burocracia que empurra à mediocridade não é tarefa das mais fáceis. Desistir, porém, não é o melhor caminho. Enfrentemos! Caminhemos!

Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!

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