sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

MEC implodirá gavetas do Ensino Médio no País


O desempenho pífio de grande parte das faculdades e universidades brasileiras demonstrado por meio do Índice Geral de Cursos (IGC) talvez seja o “empurrão” que faltava para que o Ministério da Educação (MEC) promova uma espécie de intervenção que começaria com mudanças radicais no Ensino Médio. Pela proposta do MEC, que desde 2009 foi incentivada em caráter experimental, as atuais 13 disciplinas obrigatórias (História, Geografia, Filosofia, Sociologia, Química, Física, Biologia, Inglês, Artes, Espanhol, Língua Portuguesa, Educação Física e Matemática) passariam a ser agrupadas em quatro grandes áreas, seguindo a denominação já usada no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem): ciências humanas, ciências da natureza, linguagem e matemática. Desde que Edgar Morin propôs o que denominou “religação dos saberes”, ou seja, a implosão das “gavetas” denominadas disciplinas, não se faz uma proposta tão arrojada e ousada para a Educação brasileira. Certamente, as pressões dos “donos das gavetas do saber” reagirão com muito mais força. Não é à toa que desde 2009 a proposta patinha, por ter sido indicada como experimental, e não sai do papel. Em agosto deste ano, ao anunciar que a mudança ocorreria, o Ministro da Educação, Aloizio Mercadante, garantiu que até o final do ano a proposta seria fechada e enviada ao Conselho Nacional de Educação (CNE) para que, após ser discutida, fosse transformada em uma diretriz para o Ensino Médio no País. A mudança, se oficializada, certamente criará condições para que, finalmente, a Educação Superior também comece a rediscutir o processo de formação atual e, mais que isso, uma completa reestruturação administrativa. Imaginemos quão moderna seria a universidade que topasse ter apenas quatro grandes institutos?  De Ciências Humanas, Ciências da Natureza, Linguagem e Matemática? Em cada um desses quatros instituto seriam distribuídas as faculdades, compostas por cursos cujas afinidades sejam didático-pedagógicas e não afinidades pessoais ou política dos professores (e professoras) que os compõem? Qualquer reforma administrativa que não tenha como princípio basilar uma reflexão sobre esse agrupamento proposto pelo Ministério da Educação será baseada em interesses individuais ou corporativistas. É fundamental que mudanças administrativas tenham como princípio da discussão a “religação dos saberes” e não os interesses particulares dos membros da comunidade acadêmica, principalmente. Centrar as discussões na relação de poder dentro dos conselhos superiores das instituições é equívoco dos mais graves e que não será perdoado pela história.

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