sexta-feira, 12 de outubro de 2012

A formação para o exercício da cidadania


Comercialmente se comemora hoje o “Dia das crianças”. Que tal refletirmos sobre alguns dos problemas que enfrentamos na Educação Superior e tentarmos relacioná-los com o processo de crescimento e (de) formação (ou para ser mais exato, de formatação) dessas crianças? Dos contatos que mantenho com estudantes de graduação dos anos iniciais posso listar três coisas que me incomodam: caretice, falta de iniciativa e insegurança. No guarda-chuva que chamei de “caretice” enquadro desde os versos de Belchior “ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”, no caso de alguns, são mais caretas até que eu. Nessa categoria encontro, principalmente, a falta de respeito ao outro e às diferenças. Sem falar que são jovens pouco afeitos às experiências pedagógicas inovadoras dentro (e fora) da sala de aula. Querem a aula tradicional, receita de bolo para tudo, como se a resposta para os problemas do mundo (e do jornalismo, no meu caso) estivessem em mim, que sou o professor. A suposição que tenho é que, desde o núcleo familiar, esses jovens foram podados. Impedidos de ousar em todas as áreas da vida. Daí, ao que parece, sonharem com padrões, principalmente no processo de aprendizagem. Logo, descambam para a segunda categoria que denominei de “falta de iniciativa”. Ao sonharem com “receitas de bolo” e serem protegidos pelos padrões do núcleo familiar, fazem sempre aquilo que lhes é mandado (quando fazem). Sem os padrões, modelos ou manuais, perdem-se pelo caminho, não tomam iniciativa para nada e se transformam em jovens “inseguros” em um mundo do trabalho no qual cada vez mais se valorizam os empreendedores, ou seja, os ousados. Daí a pergunta: “Formamos mesmo para o exercício da cidadania?” Suponho que não! Temos uma visão de mundo careta, inclusive nós, os cientistas. Somos pouco ousados. O novo nos assusta. Preferimos o velho método cartesiano. Execramos, em grande maioria, Morin e Capra. No máximo passamos os olhos por Maturana e Varela. Deleuze e Guatarri, com seus rizomas, encontram eco nas áreas de Artes e em alguns abnegados da Comunicação. É pouco. Precisamos nos libertar das amarras das visões padronizadas do mundo e da vida. Quando isso ocorrer, desde o núcleo familiar, talvez tenhamos um ambiente propício ao processo de troca de saberes com vistas à preparação para o exercício pleno da cidadania e da liberdade. Enquanto entendermos o mundo como um conjunto de saberes em caixinhas superpostas, sobrepostas e justapostas estaremos longe de atingir a meta de formar para a vida.

Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!

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