sábado, 14 de julho de 2012

Governo quer desmoralizar o Andes-SN


Começo a reflexão de hoje sobre a proposta do Governo Federal feita aos professores em greve reproduzindo o final do que escrevi ontem, postado cedinho, muito antes de a reunião começar: “Mais grave que isso, porém, é surgir uma proposta que, inicialmente, possa provocar comemorações por parte de alguns, no entanto, ser uma estaca enterrada no coração do Andes-Sn e da greve. Não é segredo para ninguém que existe uma relação pra lá de incestuosa entre o Governo Federal e a Proifes-Federação. Qualquer proposta que fale apenas em reposição salarial ou, por exemplo, equiparação aos salários do Ministério da Ciência e tecnologia, sem que se toque nos outros pontos da pauta do Andes-SN (condições de trabalho e carreira de professor federal) é uma armadilha para rachar unidade da categoria e do movimento, encostar o Andes-SN nas cordas é grudar a pecha de “radical” no sindicato e em todos nós que lutamos por remuneração digna combinada com condições de trabalho. Há que se ter muita calma para não comemorar um golpe de morte em nós mesmos.” Posso estar enganado, mas, na proposta de reajuste de 45% (quarenta em cinco por cento) há o dedo, quiçá todas as digitais, da Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes-Federação). O que me faz crê nisso é algo muito simples: a proposta, ao invés de passar perto da filosofia defendida pelo Andes-SN, que é mudar o rumo da política educacional e da carreira do viés produtivista, para um viés de produtividade sim, porém, com qualidade, injeta ainda mais a ideia de competição entre os pares. Ao centrar as negociações apenas nos salários, o Governo tenta desqualificar a proposta do Andes-SN, baseada em reajuste sim, mas com foco nas condições estruturais (e de pessoal) do trabalho docente. Quer, ainda, virar o jogo e pôr a sociedade e os estudantes contra os professores em greve. A forma como anuncia o reajuste proposto também tem outro componente: desfazer a unidade da luta e jogar os técnico-administrativos contra os professores. Outro ponto fundamental que precisa ser garantido à mesa de negociações: a mudança de rota na expansão irresponsável perpetrada pelo Governo nos últimos anos. Aceitar apenas o reajuste sem que haja discussão em torno da falta de condições estruturais para o desenvolvimento das atividades docentes nos Campi do interior e nos recém-criados Institutos Federais de Educação é descaracterizar o conceito mais importante da atual greve: o da luta pela carreira e por condições dignas. Meu apelo aos colegas professores e professoras: honremos o Andes-SN e as nossas secções sindicais. Tenhamos respeito ao discurso que fazíamos para convencer os estudantes, os técnicos, os nossos colegas professores e professores e a sociedade: nossa greve não era apenas por salários. É hora de mostrarmos que não passava de discurso e permanecermos em greve até que o governo inclua na proposta o compromisso com uma expansão responsável e com a melhoria das condições de trabalho.

Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!

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