sexta-feira, 20 de julho de 2012

Especialista desmonta a proposta de reajuste de 45% do Governo


O ponto culminante da Assembleia Geral da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Amazonas – Secção Sindical (Adua-SS), realizada no auditório da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia (FEFF), no Campus Universitário Arthur Virgílio Filho, que, por unanimidade dos presentes rejeitou a proposta de reajuste “dita” de 45% do Governo Federal foi a apresentação da Especialista em Finanças, com 10 anos de atuação no mercado, Ellen Lindoso. Ela precisou de apenas 20 minutos e quatro dos 12 slides apresentados para desmontar a proposta de reajuste do Governo Federal e provar que se trata de uma farsa das mais ardilosas. Lindoso explicou que, para os cálculos que iria apresentar, usaria as tabelas da proposta de reajuste disponibilizadas no site do próprio Ministério da Educação (MEC). Esclareceu que usou, para a realização do estudo, índices oficiais do próprio Governo: o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), para calcular as perdas inflacionárias entre julho de 2010 até julho de 2012 e o histórico das metas de inflação do Banco Central, para cálculo da projeção de inflação (ou seja: inflação futura, de julho de 2012 a julho de 2015). Aqui ela fez o primeiro alerta à categoria dos professores: “Se vocês leram detalhadamente como eu li a proposta do Governo, observarão que há apenas uma menção muito genérica de que concederá o rejuste ao longo dos próximos três. No entanto, não diz como o fará. Além disso (veja a tabela a seguir), as metas de inflação do Banco Central vão apenas até 2014. Como podem oferecer um reajuste até 2015 se nem o Governo tem metas de inflação para aquele ano?”

A especialista orientou os professores a não aceitarem nenhuma proposta que feche algum tipo de acordo até 2015 porque, isso representa, de fato, um congelamento salarial sem que se tenha nenhum número oficial para se calcular a previsão de inflação para o referido ano. Do ponto de vista financeiro e, para se evitar o acúmulo de perdas salariais ao longo dos anos, orientou a se propor ao governo uma data-base, ou seja, que a cada ano houvesse uma mesa de negociações: “Só assim se poderia garantir perdas menores”. Ellen Lindoso passou, então, a explicar o cálculo feito na tabela proposta pelo MEC. Na coluna “Reajuste percentual” está o que o Governo ofereceu de reajuste, ao lado direito dessa coluna, o IPCA de 2010 a 2015, período usado pelo próprio Governo para a elaboração da proposta (que é de 33% ao longo do período). Por fim, mais à direita, a coluna do “reajuste real”. Veja na tabela a seguir o que acontece com o salário dos professores doutores com Dedicação Exclusiva:

Ao divulgar o percentual de reajuste de “até 45,1%”, o Governo Federal “esqueceu” de abater a inflação de julho de 2010 a julho de 2012, bem como a inflação futura, de julho de 2012 a julho de 2015, projetada pelo Banco Central. Esse “esquecimento” do Governo, voluntariamente engolido pela mídia, faz com que a população imagine que os professores, em todas as classes e níveis, terão aumento salarial de 45,1%. Esse número representa do ponto de vista financeiro, um ganho de apenas 9,03% somente ao professor titular. Para se ter uma ideia da abrangência desse aumento, a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), possui exatos 21 professores titulares. Um professor associado nível 1, a quem o Governo prometeu um reajuste de 24,4%, terá, na verdade, uma perda salarial de 6,46%. Professores assistentes e auxiliares já ingressam na Carreira proposta pelo Governo com uma defasagem salarial de 33%. Na tabela a seguir, meu caro leitor, minha cara leitora, você verá que a proposta do Governo Federal é imoral e acintosa. Todos os professores mestres, com dedicação exclusiva, terão redução no poder de compra:

Quando se avalia a tabela do reenquadramento proposta pelo Governo Federal também não há ganho em nenhum dos níveis. Veja a tabela.

Fico a me perguntar se o Governo Federal acreditaria que engoliríamos esse engodo sem reagir e deixo no ar uma questão: porque a mídia inteira engoliu a farsa do Governo e não apurou corretamente o material? Qualquer pessoa medianamente inteligente sabe que, do ponto de vista do poder de compra, o que se compra hoje com R$ 100,00 não se comprará em 2015. O cálculo feito pela especialista Ellen Lindoso é o mais conservador possível, pois leva em conta todos os dados oficiais tanto da inflação efetiva quanto da inflação futura. Tomemos por base o exemplo de R$ 100,00 e os cálculos feitos pela especialista, temos uma inflação no período de 33%. Isso significa que os R$ 100,00 de hoje, em 2015, na verdade, valerão apenas R$ 67,00, pois é preciso abater os R$ 33,00 de corrosão inflacionária. Foi essa conta que o Governo Federal não fez e toda a mídia, para jogar a sociedade contra os professores, engoliu como a um patinho. Fosse mais responsável honesta, a mídia não se deixaria enganar e não enganaria a população.

Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!

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