terça-feira, 26 de junho de 2012

Governo ludibria professores incautos


A piada mais trágica que resulta da política pública de remuneração dos professores das universidades federais “implantada pelo governo FHC e refinada pelo Governo Lula”, como sempre gosto de frisar, é que “professor universitário hoje não faz plano (de curso) faz programa”. Na discussão realizada ontem na sede da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Amazonas (Adua-Ad) sobre o Plano Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica (Parfor) grande parte dos professores que defende a não-paralisação das atividades do Parfor o faz com o discurso de que os estudantes, no interior, fazem sacrifícios adicionais e precisam “ser respeitados”. Estranho que não tenham esse cuidado com os estudantes de Manaus. Será que os estudantes de Manaus também não merecem respeito? A mim me parece que não se trata de defender o respeito aos estudantes do interior, mas sim de defender as seis bolsas de R$ 1.300,00 que cada “iluminado” do Parfor recebe como professor. Essa política de implantar “programas emergenciais” no fundo não passa de uma estratégia do governo federal com duas finalidades: desmobilizar a categoria em momentos de greve, como agora, e remunerar temporariamente professores com bolsas ao invés de pagar salários dignos. O trocadilho “fazer programas” cai bem para a situação e me fez lembrar, enquanto a discussão transcorria, de um episódio ocorrido entre mim e o jornalista Umberto Calderaro Filho que é hilário e didático, ao mesmo tempo. Quando iria lançar meu livro Rhumores, na Bienal do Livro, em São Paulo (nem me lembro do ano), fui ao gabinete do dono o jornal que eu trabalhava para solicitar uma carta de recomendação ao Sistema Globo, uma vez que A Crítica era parceira. Calderaro me garantiu a carta de apoio, mas, como de hábito fazia com os demais jornalistas da época, resolveu “dar um agrado”. Puxou do bolso algo equivalente a R$ 500,00 e disse: “tome, é para ajudar nas despesas da viagem”. O dinheiro já tinha sido posto no bolso da frente da minha camisa. Ato contínuo, peguei o dinheiro, devolvi a ele e disse: “obrigado, seo Calderaro! Mas, se o senhor quiser incluir esse valor como aumento no meu salário vou ficar muito contente”. Ele me respondeu com uma gargalhada acompanhada de um palavrão, impublicável é claro. O Governo Federal age da mesma forma: ilude professores com programas e bolsas, ou seja, ganhos imediatos, mas não quer nem saber de negociar remuneração justa e digna. Os incautos são a prova de que a remuneração é miserável a ponto de muitos esquecerem a dignidade e pararem as atividades na capital para correrem rumo às atividades do Parfor nos municípios. É um ganho a mais em dinheiro, porém, um golpe fatal no comportamento digno e ético. E muitos (e muitas) nem se dão conta disso Ou fingem não entender!

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