quinta-feira, 21 de junho de 2012

Ética na pesquisa, ética na greve


Espanta-me que alguns colegas professores (e professoras) das universidades brasileiras aceitem se submeter à Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) que estabelece as “Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos”, mas, nas greves decididas pela maioria da categoria, em Assembleia, comportem-se sem princípio ético, pois, no meu entendimento, quem continua a ministrar aulas e a desenvolver as demais atividades para “lançar quando a greve acabar” dá uma lição de extrema falta de ética e desrespeito aos próprios colegas que travam uma luta coletiva por uma universidade pública, gratuita, de qualidade e referenciada socialmente. Isso agrava um pacto de mediocridade e falta de ética com os estudantes que aceitam participar desse circo dos horrores. Sem contar que, comportamentos dessa monta, além de, volto a frisar, serem reprováveis, ressaltam a dicotomia entre o ensino de graduação e de pós-graduação. É como se professor, ao obter o título de doutor, fosse uma entidade acima do bem e do mal dentro da universidade e da sociedade. Fico a imaginar que esses “pesquisadores” consideram ética é algo a ser praticado e defendido por meros mortais. Entendo, no entanto, que quem defende e aceita se submeter a essa interferência indevida dos Comitês de Ética na Pesquisa, também tem a obrigação moral de praticar (e respeitar) a ética da (e na) greve. Professor (e professora) que burla a greve com artimanhas com fazer as atividades e depois lançá-las quando a greve acabar é um péssimo exemplo para seus colegas, para os estudantes e para a sociedade. Quem defende a ética na pesquisa também deveria praticá-la, como princípio basilar, na greve.

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