domingo, 4 de dezembro de 2011

Arte: no celular, em um avião, nas nuvens

Hoje postei o primeiro experimento de criação poética por sobre as nuvens, dentro de um avião 737-800 da Gol. Retornava de uma viagem de trabalho a Brasília. Lá, instalei um editor de textos no celular e comecei a experimentar escritos. Nada de muito longo: algumas notas. Dentro do avião, na volta, com o celular em mãos, a ler algumas notícias off-linne, no Twitter, lembrei-me do encontro com Thiago de Melo, na ida para Brasília. Ele ia para o Rio de Janeiro, participar de um Seminário sobre a Palavra, na Universidade de São Paulo (USP). Comecei a conversar com ele ainda na sala de embarque, em Manaus. Falei do trabalho da Cássia Maria Bezerra Nascimento, estudante do doutorado em Sociedade e Cultura da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), orientada por mim, que estuda a poesia de Thiago de Melo e a propaganda. No meio da conversa disse a ele do desafio que havia estabelecido para mim: “publicar um novo poema a cada dia no Blog Gilson Monteiro Em toques”. Ele me disse: “Isso é inédito no mundo. Merecia um Seminário na Livraria Valer e uma reportagem com destaque em A Crítica.” Fiquei até sem jeito e disse a ele: “Você é quem deve dizer isso a eles”. Aquilo pra mim foi um choque: um misto de alegria e incredulidade. Daí, puxei no celular, alguns escritos do Blog e mostrei ao Poeta. Ele leu, disse que se tratava de puro “divertimento”. Que era uma influência tardia do concretismo. “Aliás, vou falar isso no Seminário na USP: que ainda há uma influência do concretismo nas produções atuais”. Se ele falou, não sei. O que sei é que, ao ficar em Brasília, despedi-me do Poeta e ele me disse: “Exercite fazer poemas com frases mais longas”. Com o celular em mãos, a operar o teclado no máximo com dois dedos, lembrei do pedido de Thiago de Melo. Certamente por estar em um avião. Olhei para as nuvens, pensei nas gotas que dela se formam e dela fazem parte. Criei “Gotas”, publicado hoje no meu Blog, em homenagem a Thiago de Melo. Se tem valor como arte, valor literário, ou é apenas um divertimento, não sei. Só sei que viajei inúmeras vezes em uma viagem só. Foi mais uma ousadia: experimentar o processo criativo em um aparelho celular. Agora, ao escrever a nota para o Blog Ufam para o futuro, lembrei-me, de novo, do Poeta: “Uma obra de arte só se completa com o outro, com a leitura do outro”. E tascou: “Eu já disse para Cássia: a Teoria da Literatura está acabando com a arte, com a própria Literatura”. Para refletir! Para refletirmos!

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