quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Projeto pessoal de poder: o que é isso?

Durante anos fui discriminado dentro da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) pela turma que sempre chamei de “esquerda barulhenta”. Diziam que eu tinha “um projeto pessoal de poder” e representava a “pequena burguesia”. E quem disse que o ex-presidente Lula, por exemplo, não pôs em prática “um projeto pessoal de poder”? Trata-se, no meu entendimento, do “pequeno burguês” mais bem-sucedido da história deste País. Desde que entrei na Ufam, em 1985, como estudante de Comunicação Social, habilitação jornalismo, luto por uma universidade na qual a universalização do saber seja a meta e o exercício pleno da cidadania seja a regra. Com projeto pessoal de poder ou não, Lula transformou-se no melhor presidente deste País. Teve meu voto nas duas eleições, porém, jamais me calei diante do mensalão e das denúncias recentes de corrupção. Aprendi, com o jornalismo, a defender dois valores universais para o exercício da profissão: credibilidade e independência. Acima deles, porém, há o valor da liberdade. Que, em se tratando da universidade, recebe o pomposo nome de autonomia. Aquela mesma esquerda barulhenta ainda proclama hoje em dia o velho jargão da “universidade autônoma, democrática e cidadã.” Uma universidade que curva os joelhos diante do poder estadual, que se cala num silêncio sepulcral quando tem seu espaço sagrado da cátedra invadido e um dos seus professores agredidos não é autônoma. E, quando cala e deixa seu professor lutar solitariamente contra o poder estabelecido, perde a autonomia e o exemplo de cidadania. É contra essa universidade que luto diuturnamente. E, que me perdoem os incautos e imbecis, se isso for projeto pessoal de poder, que o seja. Só não quero é perder de vista, em nenhum momento, os valores que sempre defendi e lutei como profissional do jornalismo e como professor da área: liberdade, credibilidade e independência. E não abrirei mão de nenhum deles. Perderei quantas eleições forem necessárias, porém, jamais perderei a dignidade e deixarei de lutar por uma Ufam que tenha práticas diferentes de boa parte das práticas atuais. É o meu compromisso público e, mais que tudo, um compromisso pessoal: honrar a minha profissão de professor e dela sentir orgulho sempre. Ainda que me agridam e tentem me calar até com o silêncio. Não conseguirão!

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